A partir de uma torre enferrujada e solitária em uma floresta ao norte de Moscou, uma misteriosa onda curta de rádio vem sendo transmitida dia e noite.
Desde 1982, a rádio transmite quase nada, mas emite um sinal sonoro, depois disso, passa a executar zumbidos, geralmente entre 21 e 34 vezes por minuto, cada uma com duração de aproximadamente um segundo – que parece lembrar uma sirene estridente.
O sinal teria origem em gorodok voyenni (cidade militar) perto da aldeia de Povarovo e, muito raramente, talvez a cada poucas semanas, a monotonia parece ser quebrada por uma voz masculina recitando breves sequências de números e palavras, muitas vezes seguidos de nomes russos: “Anna, Nikolai, Ivan, Tatyana, Roman”.
Contudo, a transmissão parece preenchida por uma constante e quase alucinante série de tons inexplicáveis. A amplitude e a afinação do zumbido por vezes mudam, e os intervalos entre os tons parecem oscilar. Qual a finalidade disso? Ninguém realmente sabe.
Nenhum dos transtornos que a Rússia se envolveu na última década parecem ter afetado a programação da rádio, que continuou a reproduzir seus sons bizarros. O que torna a UVB-76 com um propósito ainda mais inescrutável.
Durante esse tempo, sua transmissão ganhou um pequeno grupo de entusiastas de rádio de ondas curtas, que sintonizam e tem documentado quase todos os sinais transmitidos.
No dia 5 de junho de 2010, o zumbido cessou. Não houve anúncios e nem explicações. Só o silêncio. Ninguém sabia o porquê.
No dia seguinte, a transmissão voltou como se nada tivesse acontecido. Nos meses seguintes, a UVB-76 se comportou mais ou menos como sempre. Houveram algumas interferências de curta duração – incluindo barulhos que soavam como código Morse. Um tempo depois, o zumbido parou novamente. Logo voltou, parou de novo, começou de novo.
Em 25 de agosto de 2010, às 10h13, algo na UVB-76 saiu totalmente errado. Após um silêncio, sons estranhos foram ouvidos, era como se alguém estivesse pronto para falar alguma coisa.
Era a primeira vez que os bips, zumbindo, códigos e números pareciam deixar a programação.
Muitos aguardavam que alguém estava prestes a se revelar. Na primeira semana de setembro, a transmissão foi interrompida, algumas pessoas alegam ter ouvido trechos gravados de “Dança dos Pequenos Cisnes” de Tchaikovsky.
Muitos aguardavam que alguém estava prestes a se revelar. Na primeira semana de setembro, a transmissão foi interrompida, algumas pessoas alegam ter ouvido trechos gravados de “Dança dos Pequenos Cisnes” de Tchaikovsky.
Na noite de 7 de Setembro, algo mais dramático surgiu. Às 08h48, horário de Moscou, uma voz masculina se apresentou como Mikhail Dmitri Zhenya Boris e alertava que a estação agora se chamava MDZhB (embora os fãs da estação ainda preferem se referir a ela como UVB-76).
Após o anúncio, mensagens tipicamente nebulosas voltaram a programação: “04 D-R-E-N-D-O-U-T 979″, seguido por mais séries de números, então “T-R-E-N-E-R-S-K-I-Y” e ainda mais números.
Os russos tentam refletir, até hoje, sobre o significado da rádio fantasma, questionando o propósito por trás do padrão. Ninguém sabe, o que é a pior e a melhor parte dela.
Aficionados de rádio de ondas curtas tem desenvolvido várias hipóteses sobre o papel da estação militar. Entre as teorias estão a possibilidade de que ela funcionava para servir alguma função, mas provavelmente seu objetivo foi perdido na burocracia.
Outros acreditam que as transmissões seriam direcionadas a espiões russos em outros países. Outra teoria, e mais preocupante, afirma que a UVB-76 serviu como centro do fim do mundo, uma comunicação da ex-União Soviética que programava lançar uma onda de mísseis nucleares nos EUA.
A maioria dos ouvintes, porém, acreditam que UVB-76 é um exemplo idiossincrático do que é chamado de uma estação de números, usado para comunicar mensagens criptografadas.
Normalmente, estas estações transmitem números em grupos de cinco, o que torna impossível detectar lacunas entre palavras e frases. Os números, então, podem ser descodificados utilizando uma chave conhecida pelo ouvinte alvo.
Algumas pessoas já tentaram visitar o suposto local onde a rádio está instalada. Uma cerca de arame parece proteger a torre de rádio, incluindo uma grande antena e um vira-lata amarrado a um cabo preso a uma árvore do edifício.
A porta da frente parece estar bloqueada. Não há luz no interior, ninguém entra ou sai. Mas alguém esteve aqui. O cão, antes de tudo, parece bem alimentado.