O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recusou-se nesta
terça-feira a colocar em votação a medida provisória que trata da
redução das tarifas de energia no país.
Com isso, crescem as chances de que a MP perca a validade na segunda, prazo máximo para que ela seja aprovada pelo Congresso.
Ao se recusar a analisar a medida, Renan disse que não recuaria do
compromisso público que fez com os colegas de não mais votar MPs a toque
de caixa.
A medida é uma das vitrines da campanha da presidente Dilma Rousseff à
reeleição e só foi aprovada pela Câmara hoje, quase no prazo final de
sua tramitação no Congresso, o que reduziu o tempo de análise no Senado.
Com a decisão de Renan, que é do principal partido aliado a Dilma no
Congresso, o governo tentará nesta quarta-feira (29) saídas para manter o
desconto nas contas de energia.
O PT entrará com um recurso na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
contra a decisão de Renan, ao mesmo tempo que tentará convencer o
peemedebista a recuar.
Caso isso não dê certo, a intenção do governo é incluir os principais
pontos da medida em outra MP que esteja tramitando no Congresso ou
encaminhar outro projeto de lei, em regime de urgência.
Mais cedo a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) afirmou "lamentar
muito" a recusa do Senado, mas afirmou que o governo tem opções.
"O governo quer deixar claro que não corre risco a redução de tarifa de
energia. O povo não precisa se preocupar", disse Gleisi antes da
discussão no Senado terminar.
"O governo tem seus mecanismos para garantir essa redução da tarifa", afirmou a ministra.
PRAZO
A votação da MP até segunda ainda depende da vontade política de Renan.
No caso da MP dos Portos, por exemplo, o texto foi aprovado no mesmo dia
em que foi lido no Senado. "Se houver consenso apreciaremos a MP, se
não houver consenso a decisão [de não votá-la] não será revogada", disse
Renan.
O problema para o governo é que não há consenso já que PSDB, DEM e PSOL,
apesar de concordarem com o mérito da medida, são contra votá-la em um
prazo tão curto.
Ao longo do dia, emissários do Planalto tentaram convencer Renan.
A interlocutores, o peemedebista criticou a falta de articulação
política do governo, que deixou em suas mãos a decisão sobre a análise
da MP. Renan disse a governistas que, daqui para frente, o Senado vai
manter a promessa de deixar caducarem MPs que não cumprirem o período de
sete dias entre a chegada da Câmara e o seu prazo final de tramitação.
"A questão não é política, é matemática. Sete dias são sete dias",
afirmou Renan, para quem "o governo não pode apequenar o Senado".
VITRINE
A MP é considerado prioritária para o Planalto na campanha de 2014. A
presidente fez o anúncio da redução de energia em cadeia nacional de
rádio e TV em janeiro.
A medida provisória garantia o desconto de 20,2% sobre as tarifas dos
consumidores. A redução está valendo desde fevereiro deste ano. Sem ela
-e se o governo não tomar providências-, o desconto ficaria em torno de
12,6%, segundo estimaram especialistas do setor.